Anderson Mendes
Como diminuir os riscos da depressão durante a quarentena?
Atualizado: 8 de mai. de 2020
Conheça os amigos e inimigos da depressão e veja como podemos utilizar uma estratégia eficiente na prevenção ao transtorno.

Qual a relação entre o período de quarentena e a depressão? Venho pesquisando a respeito da depressão desde 2011 e posso afirmar que a depressão é estratégica! Por isso fui atrás de alguns estudos para tentar obter uma melhor compreensão sobre os efeitos psicológicos nas pessoas em tempos de quarentena e me deparei com um artigo muito interessante a respeito das evidências sobre o impacto psicossocial da quarentena para explorar os prováveis efeitos na saúde mental e no bem-estar psicológico, que foi publicado no portal The Lancet - uma das mais antigas e conceituadas revistas médicas do mundo.
Segundo o The Lancet, as pesquisas comprovaram que a perda da rotina habitual somada a redução do contato físico e social, causam tédio, frustração e uma sensação de isolamento. E em geral o público estudado possui alta prevalência de sintomas de sofrimento e distúrbios psicológicos, tais como: depressão, estresse, irritabilidade, insônia, raiva, confusão, medo, tristeza e exaustão emocional.
Saiba que a depressão se comporta como quem quer vencer uma guerra: “ela” reúne aliados com o objetivo de minar as nossas forças. E para vencê-la, além de se autoconhecer, sugiro fortemente ficarmos bem longe dos seus “amigos” para não cairmos em nenhuma de suas armadilhas. E mais ainda, uma boa estratégia para superá-la no dia a dia é convidar os seus “inimigos” para estarem sempre ao nosso lado, numa forte aliança, para assim derrotá-la em todas as suas formas de ataque.
Veja como podemos ser atingidos:
Amigos da depressão
ISOLAMENTO EMOCIONAL – Parece contraditório em tempos de COVID19, mas fuja do isolamento: e-m-o-c-i-o-n-a-l. Há famílias que vivem sob o mesmo teto há anos, mas infelizmente, algumas apenas coexistem na mesma residência. E uma das razões para isso acontecer é que além de terem uma rotina extremamente atribulada, muitas pessoas acabam por se fechar por N motivos e isso acaba culminando no isolando emocional, tornando-os verdadeiros desconhecidos que apenas dividem o mesmo endereço. O isolamento social tem obrigado muitas famílias a passarem mais tempo juntas, criando um ambiente mais propício para os conflitos. Portanto, da mesma forma que houve esta desconexão que gerou este distanciamento emocional é totalmente possível voltarmos a nos aproximar dos nossos entes queridos. Para isso apresento uma técnica muito eficaz para a reconexão entre pessoas: o compartilhamento de nossas vulnerabilidades.
Mais uma contradição, né? Ainda mais em tempos de redes sociais onde somos verdadeiros “faraós digitais”, vem alguém dizer que se você apresentar o seu lado mais “fraco e vulnerável” poderá ser benéfico para o todo... Pois é, e isso acontece porque diferentemente do que nos falaram, a vulnerabilidade compartilhada de forma sincera gera empatia e compaixão, proporcionando conexão entre as pessoas. (no próximo post trarei algumas dicas práticas de como compartilhar as nossas vulnerabilidades)
CULPA - A depressão adora nos atribuir CULPA e nos responsabilizar por tudo de errado que acontece ao nosso redor. Seja mais tolerante e flexível consigo mesmo. Ao buscarmos a perfeição, esquecemos que somos humanos. Aceite os seus erros e falhas e saiba que você é capaz de corrigi-los e fazer melhor da próxima vez. A vida sempre nos dá outra chance.
VERGONHA - A depressão vibra quando temos VERGONHA do que estamos passando. Com certeza tudo que você já passou contribuirá para que você desenvolva uma versão melhor de si mesmo.
MEDO - Causar pânico e viver num cenário instável são a diversão preferida da depressão. As incertezas podem causar insegurança, que por sua vez pode gerar medo e por fim o medo exacerbado pode culminar na ansiedade patológica, assim como na depressão. Portanto uma grande alternativa para o enfrentamento deste momento e golpear a depressão, é entender se este medo é real ou é algo criado por nossa mente - Sêneca, intelectual da Roma antiga dizia: “Nós sofremos mais na imaginação do que na realidade”. E caso você não consiga enfrentá-lo sozinho, por favor busque ajuda especializada: psicólogos ou psiquiatras.
E descubra como podemos atacar a depressão:
Inimigos da depressão
AMOR - Conviva (mesmo que virtualmente) com quem te ama - É mais difícil para depressão invadir a sua praia e o seu território se você está cercado por AMIGOS e FAMILIARES que te apoiam e estão sempre ao seu lado para o que der e vier.
ALEGRIA - Cerque-se de alegria - o bom humor, o riso fácil e a gargalhada são escudos infalíveis contra a depressão. Viva a ALEGRIA. Assista mais comédias e consuma conteúdos leves e que possam te trazer bons momentos.
SOLIDARIEDADE - Seja solidário - Saiba repartir a sua dor com os outros. DIVIDA os seus sentimentos. Ao buscar ajuda num simples desabafo você encontrará no mínimo alguém para te escutar e se sentirá muito mais leve e aliviado se colocar para fora tudo o que está te fazendo mal.
PROTAGONISMO - Seja autor da sua história - Segure bem firme as rédeas da sua vida e tenha ela sob o seu controle. Seja PROTAGONISTA. Não deixe que nada e nem ninguém o desvie do seu propósito. Afinal, você é o ator principal e não coadjuvante. Só você pode determinar quando quer entrar e sair de cena nas várias situações que você escolheu viver.
Portanto, e se mesmo após você conhecer algumas ferramentas para o enfrentamento da depressão e ainda assim estiver se sentindo de mãos atadas, por favor procure um especialista - psiquiatras e psicólogos, inicie os tratamentos e retome acesso ao seu lado saudável.
Se você não tiver atitude, ela não vai embora!
Não é frescura! é uma doença e precisa ser tratada.
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Anderson Mendes é consultor em saúde mental e bem-estar emocional, autor do livro e da série Depressão não é frescura! ao lado de nomes como: Mário Sérgio Cortella, Clóvis de Barros, Monja Coen, Márcio Atalla, entre outros.)