Anderson Mendes
Inteligência emocional - uma das habilidades do profissional do futuro (ou será do agora?)
Atualizado: 8 de mai. de 2020
Será que estamos vivendo numa era com um alto deficit de inteligência emocional e com baixa resiliência para resolver conflitos e superar as adversidades?

Certa vez fiz uma reunião com uma amiga que trabalha num grande banco e ela disse: "ta vendo aquela porta logo ali?... e continuou: "ali é o banheiro, e as vezes formam-se filas de pessoas que vão pra lá chorar, se recompor e voltar para o trabalho como se nada tivesse acontecido".
Infelizmente esta história é somente mais um indicativo que mesmo nos dias de hoje ainda não entendemos muito bem como lidar e se relacionar com os Humanos, seja em caráter pessoal ou mesmo profissional.
Este "causo" me fez pensar e gerou uma dúvida meio paradoxal: Será que o mundo corporativo esta assim tão cruel ou estamos vivendo numa era com um alto deficit de inteligência emocional e com baixa resiliência para resolver conflitos e superar as adversidades?
Talvez olhar para estes dois elementos com mais carinho seja uma boa pista para que possamos construir ambientes mais humanos e acolhedores para os profissionais do AGORA.
Por outro lado, quando ouvi de um executivo de uma multinacional a respeito de inteligência emocional dentro do universo corporativo confesso que fiquei bastante decepcionado, pois o conceito transmitido por ele estava totalmente equivocado, uma vez que a sugestão dada era a de bloquear as emoções, fingir que nada tinha acontecido e seguir em frente ao invés de olhar para aquela emoção, acolher o sentimento gerado e conversar abertamente sobre o que foi sentido - de forma respeitosa e justa - com seu colega de trabalho a fim de resolver a dificuldade.
Mas ai vem a pergunta: Por que ainda em 2020 insistimos em negligenciar as nossas emoções e sentimentos, sendo que elas são tão importantes para o nosso bem estar?
Olha, se pudesse arriscar uma resposta diria que um dos porque é que as gerações que nos fizeram chegar até aqui sempre priorizaram a razão ao invés da emoção - sendo que o adequado seria o equilíbrio destes dois elementos.
Mas então por que optaram somente pela razão?
Infelizmente as emoções sempre foram tratadas pela nossa sociedade como algo que nos tornaria vulneráveis, portanto em posição de inferioridade, e dentro de um ambiente competitivo isso não seria nada bom.
Certamente você, assim como eu, já ouvimos frases que demonstram isso: "engole o choro", "vai chorar agora?", "ah, pare de ser tão melodramático".
A notícia boa é que neste momento, diversas escolas já vem trabalhando este tipo de conteúdo junto as crianças e adolescentes através de conteúdos socioemocionais. Estes conhecimentos e habilidades já vem tendo um olhar mais cuidadoso nas escolas, afinal, além de ser uma característica que diferenciará a humanidade dos robôs, a IE certamente será uma grande vantagem competitiva na conquista de maiores e melhores resultados dentro do mundo corporativo.
Então, esta nova geração que está sendo formada agora, muito provavelmente já estará mais preparada do que nós estivemos para lidar com as emoções/sentimentos... eles já entenderam que elas não poderão ser mais colocadas para "debaixo do tapete".
O relatório The Future of Jobs: Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revolution lançada pelo Fórum Econômico Mundial apontou que a IE será uma das capacidades que serão exigidas aos novos profissionais, independente da área em que atuem. Isto significa que nossas futuras relações serão cada vez mais relevantes, profundas e humanas e menos superficiais como o que temos visto hoje em dia - em uma era onde nos comunicamos através dos Emojis... Pode ser uma visão muito otimista? pode! mas torço e acredito de verdade que possamos construir este novo cenário juntos!
Em tempo: O termo inteligência emocional foi desenvolvido pelo psicólogo Daniel Goleman, e trata da capacidade que as pessoas têm de lidar com o lado emocional. Segundo ele, mesmo para quem não possui esta habilidade, poderá aprender a desenvolvê-la. Entender as falas e os sentimentos que estão por trás das falas de outros Humanos também fazem parte da construção desta habilidade.
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Anderson Mendes é consultor em saúde mental e bem-estar emocional, autor do livro e da série Depressão não é frescura! ao lado de nomes como: Mário Sérgio Cortella, Clóvis de Barros, Monja Coen, Márcio Atalla, entre outros.)