Anderson Mendes
Vamos criar a 4 mãos a sustentabilidade emocional?

Desde a década de 70 o mundo vem discutindo sobre a necessidade da sustentabilidade ambiental — que visa promover o equilíbrio entre o tripé: sociedade, economia e meio ambiente. Mas você sabia que a partir de agora também precisamos colocar nesta equação a sustentabilidade emocional dos Humanos?
A sustentabilidade emocional, assim como a ambiental, visa o uso de recursos (nesse caso, emocionais) que temos disponíveis, sem ultrapassar limites. Falando em termos simples e diretos: trata-se de viver uma vida que se sustenta, onde há equilíbrio entre todas as áreas. Mas será que nós realmente sabemos como administrar nossas demandas alcançando a tal da “conservação da vida”?
A discussão do tema se tornou ainda mais urgente nos últimos dois anos, em que os casos de transtornos psicológicos aumentaram significativamente devido à pandemia da Covid-19, e no ambiente corporativo — responsável pela Síndrome de Burnout, que recentemente foi reconhecida como doença ocupacional.
As empresas têm, cada vez mais, entendido que incluir os cuidados com a saúde mental em suas estratégias é importante para evitar e superar crises e criar ambientes mais saudáveis, felizes e acolhedores para seus colaboradores, que por consequência podem se tornar mais produtivos. Mas esse é um trajeto longo e que demanda algumas etapas importantes. Quer saber mais e nos ajudar a construir esse caminho a 4 mãos? Então bora continuar com a leitura!
A importância da gestão de tempo
A implementação do modelo home office deu a muitas pessoas a falsa sensação de se “ganhar tempo”, e eu fui uma delas. Já que estou evitando algumas horas no trânsito caótico de São Paulo, então por que não aproveitar esse tempo para adiantar o trabalho do dia seguinte? Ou fazer uma faxina na casa? Quem sabe, começar um novo curso?
Esses foram alguns dos pensamentos que passaram não só pela minha cabeça, mas pela de várias pessoas que conheço. Mas o problema não está apenas em preencher algumas lacunas da agenda com novas tarefas — e sim em nos sobrecarregar a ponto de esgotar as nossas capacidades. E isso, infelizmente, não acontece somente com aqueles que trabalham de casa.
O avanço da tecnologia e as redes sociais estão criando sociedades cada vez mais imediatistas e exaustas, com humanos sedentos por produtividade e que não sabem descansar. E é aí que mora o perigo: afinal, esse tipo de comportamento pode levar a quadros de ansiedade, burnout, depressão e outros transtornos mentais.
A mais nova doença ocupacional, o burnout, já atingiu cerca de 33 milhões de brasileiros, segundo dados da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR). Já de acordo com dados da revista Você RH, 83% dos funcionários estão no limite ou acima do seu limite de trabalho. Esses dados são preocupantes, e nos indicam justamente o que prega a sustentabilidade emocional: a produtividade precisa ser mais sustentável.
Mas identificar quando devemos diminuir a lista de tarefas, ao invés de aumentar, nem sempre é simples. Entender os nossos limites para viver em equilíbrio exige autoconhecimento. Para isso, indicamos a psicoterapia, um dos mecanismos mais poderosos no processo de se autoconhecer.
Práticas meditativas e exercícios como a yoga também nos levam a entrar em contato com o nosso eu interior e exterior, auxiliando na criação do autoconhecimento e até da autocompaixão. Portanto, a dica é reservar um horário na agenda longe das distrações e que nos permita olharmos para dentro e nos conectar com o que estamos sentindo. Um ato simples, mas que pode mudar toda a nossa relação com nós mesmos.
Não existe uma fórmula pronta para o autoconhecimento, e muito menos uma receita de bolo que nos ensine a encontrar nosso ponto de equilíbrio. Para além das ferramentas que indicamos aqui, há outras possibilidades que podem ser mais úteis para algumas pessoas. Basta encontrar o que funciona melhor para você. Mas uma coisa é fato: a sustentabilidade emocional é ainda mais eficiente quando caminha em todas as áreas da nossa vida, incluindo a corporativa.
Como incluir a sustentabilidade emocional em sua estratégia

Todos nós, humanos, estamos sujeitos a enfrentar transtornos psicológicos ao longo da vida. Logo, não há porque não se preocupar com a saúde mental coletiva.
E não é diferente no mercado de trabalho. Quando um funcionário esta enfrentando algum transtorno mental, o seu desempenho e seus relacionamentos profissionais certamente serão afetados. Segundo dados do Gartner, divulgados pela revista Você RH, 85% dos profissionais ouvidos pela pesquisa sofreram burnout e 40% das pessoas perceberam um pior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
São dados como esses que fizeram com que muitas empresas voltassem sua atenção ao problema e adotassem a sustentabilidade emocional. Assim como os funcionários podem fazer a sua parte indo em busca de autoconhecimento, é importante que as organizações orientem e incentivem esses colaboradores a cuidarem da saúde mental individual e coletiva.
A Unilever criou algumas ações bacanas e estruturou um modelo estratégico pensado em sustentabilidade emocional desde 2015, partindo do incentivo ao autoconhecimento dos funcionários e chegando até o treinamento (e, importante destacar, sensibilização) dos líderes. Essas são as ações essenciais a serem tomadas pelas empresas nesses casos, mas as etapas podem variar de acordo com os objetivos e a cultura da instituição. Ouvir feedbacks e ideias das equipes é sempre muito válido!
Essa é uma preocupação da empresa onde você trabalha? Caso não seja, o Instituto Gente Feliz terá muito gosto em ajudar.
Cases inspiradores e materiais de apoio
Além do plano já citado, a Unilever tem outras práticas que podem servir de inspiração. Além de sensibilizar líderes, a empresa também tem um programa que ajuda funcionários a identificarem possíveis gatilhos de estresse e os orienta sobre como agir em situações como essas, para que não aconteça um desequilíbrio emocional.
Outro bom exemplo é da Ambev, que semanalmente analisa o bem estar dos funcionários (durante a pandemia) a fim de gerar dados que podem se transformar em ações inovadoras de saúde mental. Além disso, a empresa é parceira de especialistas de atendimento
psicológico e possui um guia educativo sobre saúde mental.
Além dos cases citados, existem outras ferramentas que podem ajudar a incluir a sustentabilidade emocional na cultura de uma organização, como os materiais sobre saúde mental disponíveis na internet. Recomendamos a série “Depressão Não é Frescura!”, que contém 6 episódios e conta com participantes como a Monja Coen e os filósofos Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho, entre outros profissionais de saúde da Universidade de São Paulo (USP). Todos os episódios estão disponíveis gratuitamente no Youtube neste link.

Os livros também podem ser ótimos materiais de apoio. E aproveitando o gancho da série recomendada: ela também existe em formato de livro! Você pode adquirir neste link. Mas além desse, há várias outras opções. A jornalista Izabella Camargo (ex-Globo), após passar por um episódio de burnout, escreveu o livro “Dá um tempo!: como encontrar limite em um mundo sem limites”, uma boa leitura para líderes e suas equipes se educarem sobre o assunto.
São muitas as ações que podem ser incluídas no planejamento de uma empresa, e lembre-se: a saúde mental dos funcionários deve ser um indicador importante no seu negócio. E pensando em um cenário ideal, as ações devem ser de prevenção, e não somente de reparação de danos. Já ouviu o ditado: “é melhor prevenir do que remediar”? Nesse caso, esta frase se aplica perfeitamente!
Já ficou mais do que provado que as estratégias voltadas para a sustentabilidade emocional são urgentes nas instituições, não é mesmo? Sabendo que esse trajeto é desafiador, o Instituto Gente Feliz pode ser um facilitador no seu processo! Temos a expertise necessária para incluir a saúde mental nos debates e indicadores do seu negócio e já trabalhamos com empresas como Google, Starbucks e Banco do Brasil. Entre em contato e conheça mais sobre o nosso trabalho, iremos adorar bater este super papo e poder construir a 4 mãos este projeto totalmente personalizado para seus Humanos :)